segunda-feira, 26 de outubro de 2015

TEMPORALIDADE DO FIM


Acordo, olho em volta, e percebo que ainda não é o fim
Não sei se é o meio, ou é início, mas sei que não é o fim
No fim as coisas acabam e no fim tudo daria certo
Só sei que ainda não é o fim.

Desejaria o fim para balbuciar novas canções
Almejaria com todas as minhas forças ao fim chegar e lá ficar
Anelaria existencialmente por conseguir levar minha vida ao fim
Já não sei reconhecer o fim.

Continuo andando rumo ao fim que desconheço
Tropeço no meio-fio, olho os vidrais noviços
E continuo indo... apenas para o fim
Fim de mim mesmo.

Lá no fim tudo se explica, tudo se encaixa, tudo se revela
No fim parece que encontramos nossas ancoras
No fim abaixamos nossas armas de guerra
No fim sabemos que não é o fim.

O fim poderia ser o meio de uma história mal contada
O fim pode até ser o início distorcido de vacilantes
O fim quem sabe é apenas uma traquinagem do tempo
O fim, sim, é uma metáfora de nossas desvirtudes.

O fim é para aqueles que já cansaram dos meios
O fim é o descanso para os primeiros veleiros
O fim é tormento eterno do inacabado conformado
O fim não é para aqueles que continuam acordando.

[por Vinicius Seabra | escrito no outono de 2015]

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

DECEPÇÃO


Vivemos em busca da felicidade, mas ela bem sabe se esconder
Vamos então pelas frestas, tentado vislumbrar um pouco de esperança
Corrermos, deliramos, sonhamos, muito queremos, mas, nada.

O que realmente temos de tangível, dia a pós dia, é a decepção
Decepção de querer, merecer, mas não conseguir
Decepção de tentar, balbuciar, mas nada atingir
Decepção de existir, sobreviver, mas sempre capotar
Só sabemos da ignomínia da felicidade por celebramos as decepções.

Nesta decepção de não chegar, chegamos em vários lugares
Chegamos no vazio, que representa muita de nossas conquistas
Chegamos no nada, que significa tudo para nossas escolhas
Chegamos longe, que fica bem pertinho de onde sempre estivemos
Decepção... precisa ser relida... precisa ser vivida.

[por Vinicius Seabra | escrito no outono de 2015]